terça-feira, 17 de setembro de 2013

É daquelas frases...

... das frases que se impõem.

Deve ser defeito ganho com a formação académica este meu frequente hábito de ficar com uma frase na cabeça depois de ouvir uma entrevista, assistir a um concerto, a um filme ou, como desta vez, a uma peça de tea...tro. É um problema que não me incomoda, mas, dependente do lugar onde estou, cria uma certa ansiedade na busca de um meio para registar... a tal frase, a que se impôs, e que não posso perder. Foi o que aconteceu sábado passado, enquanto assistia à apresentação da peça teatral «Luto», com texto de Rui Neto, no Teatro Micaelense. A frase, de sentidos plurais, foi apaixonadamente proferida pelo ator Miguel Damião, e deixo-a por aqui, a ver se faz eco em mais alguma alma...

«Trago a morte de Deus na ponta dos dedos.»

Quanto mais atormentado, mais o ser humano se torna poeticamente profícuo. Se o amor e a paixão inspiram, a morte e a incapacidade para dela nos libertarmos também são terrenos artisticamente férteis. E aqui, nesta frase de Rui Neto, a morte como condição «sine qua non» de SER HOMEM, mas também como o desfecho inevitável da própria narrativa religiosa por ele criada numa vã tentativa de alcançar a segurança da imortalidade.

(A foto é do Google: Miguel Damião no Teatro Micaelense a apresentar «Luto».)
 





Sem comentários:

Enviar um comentário