Agora que Ponta Delgada está a poucos dias de voltar a ter um cinema com estreias semanais, o que me deixa contente, fica aqui a sugestão de dois filmes que aproveitei para ver em Lisboa e que, em comum, apenas têm a França e a língua francesa.
O primeiro, «A Gaiola Dourada», já havia estreado em Ponta Delgada, numa sessão única que decorreu no Teatro Micaelense aquando do Festival Internacional de Cinema «Panazorean», realizado no passado mês de abril. Este filme de Ruben Alves vale pela fidelidade com que retrata os imigrantes portugueses que vivem em Paris, assim como pelo trabalho de representação de Joaquim Almeida e de Rita Blanco, que seduzem pela naturalidade e verosimilhança com que encarnam os portugueses Maria e José Ribeiro. É um filme engraçado, coerente, que cativa com os seus diálogos, com os acontecimentos que nos vão prendendo e com a própria variedade de personagens.
Quanto à segunda proposta, o filme «Dentro de Casa», de François Ozon, não agradará a toda a gente! É um pouco complexo e, na minha opinião, nem sempre convence, quer no que respeita às prestações dos atores quer no que se refere à coerência do próprio argumento. Contudo, vale a pena pelo facto de apresentar a escrita de um romance como um trabalho que depende em muito da capacidade que um escritor tem de observar as vidas dos outros e passá-las para o papel, não da forma «desenxabida», pouco interessante, como a realidade, geralmente, as apresenta, mas recriando-as, transformando-as, através do desejo que nele essas mesmas vidas suscitam ou através do modo como o seduzem, como o envolvem. A atividade literária, ficcional, surge assim como um exercício «voyeurista», e a intromissão no privado como uma obsessão que passa de um jovem aluno com talento para a escrita para o seu professor, um escritor frustrado...
O primeiro, «A Gaiola Dourada», já havia estreado em Ponta Delgada, numa sessão única que decorreu no Teatro Micaelense aquando do Festival Internacional de Cinema «Panazorean», realizado no passado mês de abril. Este filme de Ruben Alves vale pela fidelidade com que retrata os imigrantes portugueses que vivem em Paris, assim como pelo trabalho de representação de Joaquim Almeida e de Rita Blanco, que seduzem pela naturalidade e verosimilhança com que encarnam os portugueses Maria e José Ribeiro. É um filme engraçado, coerente, que cativa com os seus diálogos, com os acontecimentos que nos vão prendendo e com a própria variedade de personagens.
Quanto à segunda proposta, o filme «Dentro de Casa», de François Ozon, não agradará a toda a gente! É um pouco complexo e, na minha opinião, nem sempre convence, quer no que respeita às prestações dos atores quer no que se refere à coerência do próprio argumento. Contudo, vale a pena pelo facto de apresentar a escrita de um romance como um trabalho que depende em muito da capacidade que um escritor tem de observar as vidas dos outros e passá-las para o papel, não da forma «desenxabida», pouco interessante, como a realidade, geralmente, as apresenta, mas recriando-as, transformando-as, através do desejo que nele essas mesmas vidas suscitam ou através do modo como o seduzem, como o envolvem. A atividade literária, ficcional, surge assim como um exercício «voyeurista», e a intromissão no privado como uma obsessão que passa de um jovem aluno com talento para a escrita para o seu professor, um escritor frustrado...


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