sábado, 12 de outubro de 2013

Das minhas leituras

Ainda não tinha lido nada de Urbano Tavares Rodrigues. Decidi-me por este «De Florença a Nova Iorque» por ser um livro de viagens e porque, antes de Urbano, já havia Nova Iorque no meu universo íntimo. Depois, veio Florença... Ainda nem estou a meio do livro e já percebi que «viagens» aqui tem um sentido mais amplo, o sentido de andanças por «terras, homens e livros», tal como diz o próprio autor. Mais importante do que os lugares para onde nos leva são as pessoas e as ideias que, pelo caminho, ele (e nós!) vai conhecendo. Até agora, Paris, Londres, Lisboa, Albert Camus, Claudel, Alberto de Oiveira, António Nobre... O livro é, na verdade, uma coletânea de textos dispersos que foram publicados no «Diário de Lisboa». Têm, assim, uma natureza jornalística, mas não deixam dúvidas do seu pendor literário. Apesar de redigidos entre os anos 50 e 60, a escrita é deliciosa.
 
 
 
Fica aqui um excerto que, acho, legenda na perfeição umas fotos que tirei há pouco menos de um mês. Um acaso (e, já agora, um ocaso) feliz.

«Ontem, regressando de Lisboa com um fim de tarde que tingia de rosa as areias do Tejo. As velas, no rio, suaves, sulcando as águas roxas. Despedida de uma paisagem com a qual raramente comuniquei, por falta de serenidade de espírito. Ontem, cansado, banhei-me de entardecer. E assim levarei nos olhos para o Inverno as palmeiras e os pinheiritos dessorados e todo o cenário brando, até as casas pretensiosas que margeiam a via férrea. Tudo era lindo à hora em que as coisas adoecem de cor. Sobretudo os barcos, tão lentos, no rio, e o areal rosado, sem ninguém...»

(O excerto é de Urbano Tavares Rodrigues, «De Florença a Nova Iorque», p.86; as fotos são minhas.)
 
 
 
 

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