domingo, 8 de dezembro de 2013

Cinema

     Ganhei coragem e fui ver «The Counselor»... (A coragem foi necessária para pagar o bilhete e não para ver o filme!)
     Para dizer a verdade, as expetativas eram bem baixinhas, à conta das inúmeras críticas negativas que fui lendo. Por isso, não me dececionei minimamente. Pelo contrário, até saí com a pequena sensação de que não empregara muito mal os quase sete euros e que até valera a pena. Vamos então a uma reflexãozinha!!
    
     Que não é muito consistente, não o é realmente. Que peca por diálogos demasiado elaborados, literários e ambíguos, tendo em conta o meio em que as personagens se movem, concordo. Que há alguma incoerência no argumento, parece-me que sim, e a vários níveis. Que o Javier Bardem lembra um barrote queimado e tem um péssimo penteado, é também inquestionável. No entanto, há uma certa originalidade nisto tudo que o distingue de outros filmes sobre o mais que batido tema dos cartéis de droga na América do Sul. E, por isso mesmo, não me aborreceu de morte como a maioria dos outros. Não tem demasiadas cenas de tiros e de perseguições, nem prostitutas boazinhas e exploradas por chulos toxicodependentes e maus, nem aqueles diálogos intermináveis entre broncos paus-mandados e polícias à paisana e infiltrados. O filme, a meu ver, doseia bem todos estes ingredientes e agarra-nos, porque as personagens até são interessantes, apesar de muito pouco verosimilhantes. Para além disso, o facto de toda a trama se focar no advogado (que de conselheiro nada tem!!!), na sua determinação e confiança, na sua ascensão e queda, nos seus conflitos interiores, na sua paixão pela lindíssima Laura (Penélope Cruz). Neste filme, o que se vê sobretudo é um homem ambicioso e confiante (mas tremendamente amador no que respeito ao tráfico de droga) a aprender a duras penas que, naquele meio, só saem vitoriosas as pessoas sem alma, pois as consequências de um passo em falso são dolorosamente inimagináveis. E o pior é que, nessa queda, nunca se vai sozinho, outras pessoas vão atrás. O advogado aprende assim que os seres amados são os elos mais fracos num mundo onde a vida não tem qualquer valor, se comparada com o dinheiro.
     Foram muitas as frases interessantes que tentei fixar. Ficou esta, que pode parecer um pouco vulgar, mas, depois de visionado o filme, se calhar, ganha outra pujança semântica...
«Nada é melhor do que estar na cama contigo. Tudo o resto é uma espera.»

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