E porque não um Festival Literário dos Açores? Apetecia-me ouvir pessoas inteligentes a discorrer sobre temas variados. Ao vivo! Ao vivo e a cores!!! Hoje, segui em direto o Festival Literário da Madeira e gostei imenso da conversa cruzada subordinada ao tema (título da obra) «Se Isto é um Homem», de Primo Levi. A conversa andou à volta da ideia de campo de concentração, já que este livro trata da experiência de Primo Levi enquanto prisioneiro em Auschwitz-Birkenau. O interessante foi ver como cada um dos intervenientes foi ampliando o sentido de «campo de concentração» ao aplicá-lo a diversas realidades, realidades consonantes com a sua experiência de vida ou daqueles de quem são mais próximos. Algumas dessas realidades prenderam-se com o aumento da esperança de vida nos idosos e as consequências disso ao nível de uma má qualidade de vida, refém das dores físicas; a situação financeira de muitos dos idosos do Portugal dos nossos dias, a quem são cortadas as pensões ou retirados direitos; a experiência do racismo e da exploração do negro pelo branco na Guerra do Ultramar, .... Devo confessar que apreciei muito a intervenção do «nosso» João de Melo, que falou da sua experiência de «campo de concentração» em Angola quando foi para a Guerra do Ultramar e viu o modo como os brancos exploravam os negros e estes se deixavam abusar. Também falou da importância da mulher nas guerras, aonde não foi, mas participou nelas ao ficar presa no campo de concentração do seu sofrimento... o sofrimento da perda de um filho, do marido, do pai, de um irmão. O escritor açoriano terminou a conversa com a leitura de um texto seu, um poema que homenageia as mulheres que passaram pela Guerra Colonial, em particular, e as guerras, em geral. Também gostei muito de ouvir Tiago Salazar. Já o «conhecia» do mundo facebookiano, mas ainda não li nada dele, sei pouco da sua escrita, mas, nesta conversa, achei-o eloquente, desembaraçado, pertinente, inteligente, culto. Decididamente, despertou o meu interesse e vou investigar mais sobre este jovem escritor e viajante, pelo que me apercebi. Só queria que, um dia, por cá, se pudesse ter acesso a estas pessoas... A vivo!! A Paula Moura Pinheiro, de quem sou admiradora, interveio ontem, mas não pude assistir. A Ana Margarida de Carvalho, que também admiro, participará numa conversa cruzada no Sábado de manhã. Estou curiosa. Fica aqui o cartaz do Festival do dia de hoje. Termina no próximo sábado.
«Não, não sou eu que esgoto o tempo, é ele que se perde dentro de mim. Não sou eu que recordo os sítios, são eles os únicos a realmente subsistir e reviver – não é a memória, afinal, a aprendizagem do invisível? (Marcello Duarte Mathias, «No Devagar Depressa dos Tempos»)
quinta-feira, 20 de março de 2014
Sonoridades
E fica aqui esta «Cançoneta do forte fraquinho», de Zeca Medeiros. É tão bonita... Vale mesmo a pena ouvir a letra com atenção. Deliciosa.
sexta-feira, 7 de março de 2014
É daqueles rostos
... que, de tanta perfeição, nos deixam sem palavras e nos fazem desejar um namorado vietnamita.
(A foto é da página facebookiana «The Eyes of Children around the World»)
Das minhas leituras
As minhas últimas duas leituras: Jardim das Tormentas, de Aquilino Ribeiro, e As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino. Em comum? Aparentemente, nada. Porém, em última análise, ambos nos obrigam a uma inevitável reflexão acerca do homem e da sua condição. Foi muito bom voltar a Italo Calvino depois de ter lido Os Nossos Antepassados há já uns anos. Também foi imensamente desafiador e gratificante arriscar a leitura de Aquilino Ribeiro agora, séculos depois de ter lido Romance da Raposa, o único livro que lera deste autor. A regressar, tanto a Italo como a Aquilino, mal seja possível.
quinta-feira, 6 de março de 2014
quarta-feira, 5 de março de 2014
Sonoridades
A ouvir pelo serão fora... o álbum «Faithful» (2011), de Marcin Wasilewski Trio, em especial a faixa 5, «Ballad of the sad young men», que tem aquele efeito balsâmico que poucas músicas têm.
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