sábado, 8 de fevereiro de 2014

Das minhas leituras

Fazia parte de uma das «old year's resolutions»: ler O Estrangeiro, de Albert Camus. E foi bem mais rápido do que eu pensava. É um clássico, mas tem menos de 118 páginas, está escrito numa linguagem muito escorreita, acessível, despida o mais possível de roupagem estilística. Esta simplicidade reflete bem o caráter do narrador e personagem principal, Marseult, que dá corpo a um ser humano muito consciente da sua condição de mortal e do consequente absurdo da vida, daí que se recuse a ter uma visão floreada e hipócrita do que o rodeia, das pessoas com quem convive ou do que lhe acontece. Por este motivo, cada frase proferida por Marseult é um murro no estômago do leitor. À primeira vista, não parece ser uma perspetiva que se coadune com a nossa maneira de pensar e, aí, se compreende que ele seja «o estrangeiro», no entanto, à medida que os acontecimentos se vão desenrolando e outras personagens se vão destacando, Marseult começa a parecer o menos estrangeiro, aquele que realmente vê a vida como ela é. 


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